segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

depois do fogo do outono, a neve do inverno

Há uns meses atrás assitimos à destruição, imolação pelo fogo, de um conjunto de esculturas de madeira e palha (a menina do forcado nem por isso... pés gelados, pés gelados!). A semana passada, coloquei-me a montante da destruição (que certamente vai acontecer. Está agendada lá p'rós finais de Abril, quando o mercado térmico pisar valores positivos) das obras d'arte e participei na competição Levitaatio. Levitaatio é uma competição, por equipas, de esculturas de neve. Este ano o tema era Either/Or, traduzido do finlandês Joko/Tai (ou em português qualquer coisa próxima de Senão/Ou. Ou o que quer que isso signifique...).
A minha equipa (não é nada minha. Eu fui só desafiado para participar. Também já era tempo de me furtar ao patrocínio das hostes!) foi organizada pela sul coreana Young-Hye. Além do Danilo, "brasuca carioca" e autor do projecto a concurso (como é bom falar português de quando em vez!), faziam parte também o austríaco Jan, e praticante de ski, e o checo Stefan, aprendiz na rampa de saltos (o gajo mais parecido, em todos os aspectos, com o anormal dos filmes Mad Max, interpretado por Bruce Spence. A cara d'um, o rabo d'outro. Incrivel!). Participar na competição foi uma graça concebida apenas a dez equipas concorrentes de toda a Finlândia (escolas de arte e design, vá, não era de toda a Finlândia mesmo!) e implicava que o júri aceitasse o conceito apresentado como proposta ao tema. Assim, passámos o fim de semana (desde as 17:00 de sexta às 15:00 de domingo) com transporte e alojamento por um valor simbólico, em Levi (umas centenas de quilómetros para norte) a esculpir e a confraternizar com os outros competidores.
O trabalho propriamente dito não foi fácil, apesar da temperatura amena, para a época, de 15 negativos! E também porque nenhum de nós havido esculpido antes, pelo menos em neve. De qualquer modo, cheios de empenho num 2º lugar, iniciamos a empreitada no sábado às 9:00 e arriámos (outra vez... onde é que esta alma desencanta estes verbos? Arriar, meus senhores! Não confundir, por favor, com arrear! Arriar é uma coisa e arrear é outra) já depois das 16:00. E sem merenda! Uma das coisas menos positivas no cubo, de dois metros de aresta, que nos saiu em sorte numa corrida a três pares de pernas atadas pelos joelhos, foi a quantidade de pequenos arbustros, pedaços de gelo (não tenho quase nada contra o gelo; a não ser que seja amarelo, o que significa que não é água... e cerveja também não é de certeza, que os finns não desperdiçam!) e, pasmem-se por favor, cócó d'auau! Pasmaram-se? Claro... Shit happens! (literalmente!)
De qualquer modo, o resultado final foi motivo de orgulho, apesar de, na cerimónia de entrega dos prémios não termos sido perdidos nem achados! P'ró ano há mais... Para registo fica uma imagem. Para aqueles com tendências mais vouyeristas a galeria do sítio oficial deve ser suficiente. Mais de mil fotos (quando estiver online. Ou assim me prometeram!) E ofereço uma garrafa de Vintage a quem adivinhar o 2º lugar. Está oficialmente aberto o 2º passatempo (aberto a todos com excepção à menina do forcado!).

sábado, 3 de fevereiro de 2007

ah...é Noruega!

Quinze a zero como dizia o fétido (... arre! Sai um dicionário por favor!). Mas é de facto assim: quinze a zero. Há dois fins-de-semana, depois da deliciosa temporada lusa, fui com mais dois autocarros de finns (e alguns candidatos a) até Tromso com a desculpa (sejamos honestos: foi só uma desculpa. Patrocinados por uma qualquer desculpa dispomo-nos facilmente a outras desculpas...) de assistir ao Festival Internacional de Cinema. Foi com um certo e estranho orgulho que vi na lista de filmes em competição Juventude em Marcha (com a tradução Colossal Youth) do realizador português Pedro Costa (pese embora eu não fazer e mínima ideia da existência do homem... de qualquer modo!). Lamentavelmenente só o vi na lista. Nas salas vi com desencanto meia dúzia de débeis curtas-metragens, amenizadas pela longa do Lee Jones. Saímos cá do arrabalde numa sexta às 6:00, GMT +2:00, e chegámos ao destino às 14:30 GMT +1:00 (GMT? Parece sigla de organização rural: Gengibre Milho e Tubérculos, ou de gang lisboeta: Grunhos Marretas e Tansos). É impressionante como se percebe o momento exacto em que se entra na Noruega (além , obviamente, do painel que diz "Velkommen å Norge"). Pela estrada (tão branca que quase se dilui no fundo) até Kilpisjärvi é Finlândia, vêem-se árvores, e depois das árvores arbustos e sempre, umas e outros nesta altura do ano, escondidos por um manto impressionante da mais branca neve e abrigados por um céu difuso, nublado, escuro (mas não tanto!). É fácil gostar (da imensidão) da Lapónia finlandesa. O painel de boas-vindas (que deve existir, mas confesso que não o vi; talvez por se encontrar camuflado no fundo branco) anúncia a geografia norueguesa, espectacularmente acidentada. O momento exacto em que nos encontramos na Noruega é aquele em que surge a primeira descida e percebemos que estamos numa montanha. E daí para a frente é uma atrás da outra, e todas recortadas ao sabor dos caprichos de um "louco". É como viajar por entre enormes bolos de chocolate cobertos de chantilly. Por entre todo este chocolate circulam serenas massas de água que se recusam a congelar; há quem lhes fiordes. Os caprichos do "louco" imposeram que algumas destas montanhas sejam ilhas. Tromso é uma cidade na encosta de uma ilha. São 60 mil pessoas que sorriem umas para as outras (e para mim!) na rua com passeios aquecidos! Haja simpatia; esta gente é do Norte! Esta gente não se refugia na escuridão. Esta gente sorri mesmo com o sol recluso das montanhas há 3 meses (foi libertado nesse domingo pela primeira vez este ano!). Esta gente bebe café a sério, vive a rua com a mesma intensidade de um latino e com o mesmo rigor de um nórdico, quer sejam 2 da tarde ou 2 da manhã. Esta gente vive! Para esta gente, quinze! De volta ao lar (saída ao início da tarde) foi um "re-assemble on reverse order!" com muito sono pelo caminho e chegada ao início de segunda-feira, às 0:30 Ganapos Munidos de Trancas (malta da Sé, caraaago!) +2:00. Quase sem dormir (toda a madrugada a fazer o kotityötä), às 8:00 já picava o ponto: Huomenta!